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Todos nós, em algum momento da vida, já despertamos depois de um cochilo e, ao olhar através da janela, a paisagem do lado de fora aparecia pregando uma peça aos nossos sentidos: aquele céu alaranjado estampado no horizonte seria o crepúsculo ou a aurora? Estaríamos nós diante do dia em seu amanhecer ou, ao contrário, testemunhas de um cenário de fim de tarde? Essa sensação de confusão dura pouco, é verdade, alguns segundos bastam para colocar a cabeça nos eixos e voltarmos à certeza de que os ponteiros do relógio estão novamente sob nosso comando.

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Em 1959, na cidade de Santos, acontecia o II Festival Nacional de Teatro de Estudantes, criado e realizado pelo diplomata e entusiasta dessa arte Paschoal Carlos Magno. Foi o maior encontro de grupos de teatro do Brasil, trazendo espetáculos de todas as regiões e que reuniu 1.242 participantes. O ator Rubens Teixeira, integrante da companhia Teatro Cacilda Becker (TCB), participou da montagem de Mary Stuart, de  Schiller, que era a grande atração do festival, a atriz Lêda Córdula era integrante do Grupo Teatro de Estudante da Paraíba, que levou John Gabriel Borkman, de Ibsen. Na plateia dos dois espetáculos estava o estudante santista da Escola de Artes Dramáticas (EAD), Sérgio Mamberti. Na praia do Gonzaga, Rubens e Lêda começaram um namoro, que virou um noivado e casamento, do qual resultou o meu nascimento em João Pessoa, em 1962. Por conta disso digo que o Mamberti me conhece antes de eu nascer. Vivemos em João Pessoa e Recife até 1969, quando migramos para São Paulo e reencontramos Mamberti.

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Rito Passos para quem partiu. Numa manhã, reunidos em nossa casa comum, o Teatro Contadores de Mentira, decidimos sair em caminhada. Queríamos dar um passo para cada pessoa que morreu vítima de Covid-19 e se contrapor ao planejado descaso do governo Bolsonaro.

Foram três dias, 85,7 quilômetros percorridos e 866.523 passos dados.

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A escolha do espetáculo a ser encenado se faz em diálogo com o mundo em volta. O teatro funciona como um termômetro no sovaco do tempo. A tragédia Medeia, escrita pelo dramaturgo Eurípedes há quase 2.500 anos, fala de uma mulher apaixonada, que deixou seu país seguindo seu coração, e depois assassinou os próprios filhos para se vingar do marido que a abandonou por outra. O mito é certamente mais antigo ainda e durante séculos foi reescrito e recontado em inúmeras versões como espetáculo teatral, ópera, balé, filme e romance.

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Entre os feitos de Eva Wilma no teatro, está o de ter produzido uma montagem de Esperando Godot com elenco formado só por mulheres, contrariando o autor, Samuel Beckett, que preconizava a atuação masculina para a sua obra-prima. A atriz morreu às 22h08 de ontem, aos 87 anos, “em função de um câncer de ovário disseminado, levando a insuficiência respiratória”, segundo informou o Hospital Israelita Einstein, em São Paulo, onde estava internada havia um mês.

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“Monólogo dançado”, “show-depoimento”, “dança teatral”, “balé-teatro”, enfim, são múltiplas as leituras. Para abordar a trajetória de Maria Helena Ansaldi, em arte Marilena Ansaldi, é preciso ter em mente as diversas tentativas de classificação que a sua obra sofreu desde meados da década de 1970 até 9 de fevereiro de 2021, quando ela morreu aos 86 anos. Se tais termos dão conta de nomear o trabalho em sua totalidade, ou não, de todo modo conjugam alguns dos principais elementos recorrentes na lida dessa artista paulista: normalmente, trata-se de um trabalho solo, com características de depoimento pessoal, realizado em parceria com as linguagens do teatro e da dança. Além disso, eminentemente autoral. Feito sem concessões e, muitas vezes, a despeito do total descaso com que as políticas culturais frequentemente são tratadas no país.

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Ditirambo pela vacina

12.3.2021  |  por Valmir Santos

Em junho de 2020, coletivo de artistas independentes associados à Cooperativa Paulista de Teatro (CPT) reuniu personalidades da arte e da cultura, a partir de suas casas e celulares, para compor o curta-metragem Viver é urgente!. Um chamado à consciência crítica sobre as desigualdades sociais e a lógica do capitalismo que torna os efeitos da pandemia ainda mais perversos entre os brasileiros, somados à imoralidade do bolsonarismo e seu culto à morte. Oito meses depois, uma segunda criação, Viver é mais que urgente!, nascida sob o mesmo espírito colaborativo, incorpora médicos infectologistas, pneumologistas e sanitaristas para reafirmar, sem vaticínio, o papel da vacina neste momento da história mundial. No primeiro videoclipe, ela sequer era mencionada e o país ultrapassava 51 mil mortos em consequência do novo coronavírus. Ontem, eram 273 mil óbitos por Covid-19, e apenas 2,3% da população havia tomado a segunda dose. Especialistas estimam um teto de 60% a 70% para começar a controlar o microrganismo SARS-CoV-2 e cortar a transmissão.

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Artista acostumado a eviscerar a realidade por meio da ficção, nas escalas da pujança, da ousadia formal e do estranhamento, o dramaturgo e encenador Francisco Carlos construiu imagem à altura em um de seus textos mais recentes, Cosmos amazônico, definido por ele como “fotografias-verbais” e cujos preparativos para a montagem estava em curso em meio à restrição social, abrindo flancos para a transposição ao ambiente virtual/audiovisual. Caminho promissor para uma escrita de inclinação cinematográfica.

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A obra de Nelson Rodrigues (1912-1980) está incorporada, há algum tempo, ao patrimônio cultural brasileiro – e vem sendo assimilada ao acervo internacional, com traduções e encenações que ampliam o seu alcance para além da língua portuguesa ou no próprio campo da lusofonia. Um livro com sete de suas peças, lançado em 2019 na Inglaterra, parece ser o episódio mais recente de uma série que inclui espetáculos feitos na França, baseados em seus textos, já nos anos 1990. 

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No momento em que o globo terrestre fixa atenção em quem vai ocupar a Casa Branca nos próximos quatro anos, a cinebiografia do dramaturgo tcheco Václav Havel (1936-2011) produz efeito luminoso similar àquele de quando se conhece a trajetória e as atitudes do florista e “chacareiro” uruguaio José Mujica: de como a ascensão de civis ao cargo máximo de uma nação pode, sim, transformar significativamente a face do poder a partir de suas presenças carregadas de passados humanistas. Uma fala do ator Viktor Dvořák no papel-título de Havel, atribuída a um dos professores do escritor, sintetiza o legado de pessoas como essas: “O mais importante da consciência é que sempre a carregamos conosco. Não podemos nos livrar dela mesmo que queiramos”.

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