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Reportagem

É um dia quente de verão no bairro nova-iorquino Harlem, no fictício espaço-título Jajas african hair braiding (Tranças africanas de Jaja), misto de loja e salão de beleza. Mas o reduto de trancistas vindas da África Ocidental – Gana, Senegal, Serra Leoa e Nigéria – também poderia estar localizado na região do Château d’Eau, pertencente ao 10º distrito de Paris; no bairro londrino Brixton ou mesmo na Galeria do Reggae, no centro de São Paulo, já que essas diásporas também concentram significativas experiências de imigração africana.

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Artigo

No intervalo de três meses e meio o teatro nacional se despediu de artistas vitais na fundação de dois de seus grupos há mais tempo em atividade na capital paulista: o Oficina/Uzyna Uzona de José Celso Martinez Corrêa, morto em julho, aos 86 anos, então prestes a completar 65 de trabalho artístico continuado, e o Teatro União e Olho Vivo, o TUOV de César Vieira, que morreu na segunda (23), aos 92 anos e 57 de caminhada coletiva.

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Reportagem

Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2023, atribuído pela Academia Sueca na quinta (5), o escritor e dramaturgo norueguês Jon Fosse, de 64 anos, é encenado no Brasil desde pelo menos 2004. Em março daquele ano, Denise Weinberg assinou a montagem de O nome, sob produção do Núcleo Experimental do Sesi, então coordenado por Isabel Setti. A criação inaugurou um espaço intimista e não teatral, o Mezanino, com cerca de 50 lugares, mantido em atividade até hoje na arquitetura de aço e concreto do Centro Cultural Fiesp, na Avenida Paulista.

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Artigo

A Quadrienal de Praga (PQ, na sigla em inglês) é o maior evento internacional dedicado ao espaço e desenho da performance e inclui: cenografia, figurino, iluminação, sonoplastia, visagismo mídias e arquitetura teatral. Organizado pelo Ministério da Cultura da República Tcheca e realizado pelo Instituto de Teatro e Artes de Praga, atualmente é reconhecido pela Unesco – agência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – por promover a diversidade de expressões culturais, já que desde 1967 tem sido uma plataforma para intercâmbios, networking, debate, desenvolvimento profissional e de formação, apresentando uma vasta produção artística mundial. Na edição de 2023, que ocorreu entre os dias 8 e 18 de junho passado, a curadoria brasileira apresentou um projeto diverso com a participação de escolas do país inteiro.

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Artigo

O paradoxo de Suzano

28.7.2023  |  por Valmir Santos

Na 25ª cidade mais populosa do Estado de São Paulo, 307 mil habitantes no Censo de 2022, um teatro multiúso construído majoritariamente pelas mãos e recursos de seus artistas a partir de um projeto arquitetônico incomum, modulado por contêineres, em terreno vizinho a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e a uma escola estadual, encontra-se ameaçado de desmonte após quase quatro anos de atividades, inclusive no atravessamento da pandemia.

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Artigo

Os pais de Millôr Fernandes (1923-2012) o registraram como Milton Viola Fernandes em maio de 1924, nove meses depois de seu nascimento a 16 de agosto de 1923. Várias edições de seus trabalhos por isso trazem o ano de 1924 como aquele em que nasceu. Até mesmo a ilustração para a capa do livro com a peça Duas tábuas e uma paixão, que mostra duas mulheres-anjo a erguerem do túmulo o corpo do autor, feita pelo próprio, crava “1924-1962”. O correto, no entanto, é 1923.

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Crítica

Dueto para subversões

30.6.2023  |  por Valmir Santos

“Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam”. O neologismo “velhar”, por subentendido, salta das primeiras linhas do conto Fita verde no cabelo (Nova velha estória), de João Guimarães Rosa, de 1964, feito verbo a sugerir seres inertes diante da vida. Seres, por assim dizer, antípodas às personagens assalariadas, moradoras na periferia urbana e ora desempregadas em Mãos trêmulas, a peça em que a mulher que costura figurinos para teatro há 60 anos e o auxiliar de cozinha que exerceu a função por 50 anos são pródigos em nadar contra a maré. Coisa que a equipe de criação do espetáculo também o faz em termos de contrapés temporais e espaciais na narrativa e na encenação abertas ao insólito e ao cotidiano para falar de afetos transformadores profundos no encontro de sujeitos sociais atuados por Cleide Queiroz e Plínio Soares.

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Crítica

Maria Cândida, a audaz

22.6.2023  |  por Valmir Santos

Quanto mais prospecta as origens, mais a atriz sedimenta corpo e voz à memória da avó materna, Maria Cândida, que viveu 30 anos ao ritmo de rotação por minuto de quem alcançou mais que o dobro, a exemplo de Nena Inoue, autodeclarada na casa dos 60 e principal elo nesse entremundos. Em Sobrevivente, as únicas materialidades acerca da existência daquela mulher seriam o respectivo atestado de óbito, ora digitalizado e exibido em tela, e a deliciosa história de que a avó deixava a panela de arroz queimar levemente, de propósito, só para raspar a casquinha e compartir com as duas filhas ainda crianças. Hábito de cozinha que a neta artista herdou inconscientemente ou, melhor, ancestralmente, conforme a experiência de fruir a obra permite constatar.

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Esparrela (2009), atuação, direção e texto de Fernando Teixeira, artista paraibano que lança a autobiografia ‘Trás ontonte’

Resenha

Tatiana – Você não é muito exigente, eu sei. Mas o que é que há de interessante aqui?

Teteriev – As pessoas ajustando suas vidas. Eu adoro ouvir os músicos no teatro afinando os violinos, os sopros.

Máximo Gorki, Pequenos burgueses

As tantas vezes em que Fernando Teixeira assistiu ao espetáculo Pequenos burgueses, trinta e seis, me conduzem nessa tentativa de apresentar sua autobiografia, um texto escrito por um ator e encenador de teatro paraibano que viveu e vive mais de 60 anos com as gentes do teatro, com as gentes das artes e da cultura, com as gentes que vivem no risco, que visitam lugares de trauma, seus, nossos, de tanta gente, mas, principalmente, lugares de encontro. São encontros, mais do que desencontros que aparecem na narrativa de Fernando e são eles que importam. Lugares em que o humor e a alegria de um homem que olha para trás, para o trás ontonte, nos ensinam sobre os processos de autoconhecimento. E digo lugares porque os lugares são sempre políticos, estão nos caminhos cotidianos da conquista, da ocupação, da luta. Fernando lutou a vida inteira, e luta ainda, por lugares nos quais as vidas importem, as viventes e os viventes possam olhar para trás e fazer, como ele, um percurso de aprendizagem. Fernando não ensina, aprende, apreende, numa narrativa autobiográfica que não segue modelos, deslisa por gêneros de escrita de si, de escritos sobre si, sobre nós, sobre a gente.

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Reportagem

A escolha da participação brasileira na Mostra dos Países e Regiões como melhor trabalho em equipe com a instalação  Encruzilhadas: acreditamos nas esquinas, conforme definiu o júri internacional na terça (13), e as menções no jornal inglês The Guardian, na segunda (12), à intervenção urbana inédita Florestania, da encenadora Eliana Monteiro (SP), e à Tenda Ave Lola, montada pela diretora Ana Rosa Genari Tezza, da Trupe Ave Lola (PR), são notícias angariadas pelo país na última semana da Quadrienal de Praga, ou Prague Quadrennial (PQ), na sigla em inglês. Em sua 15ª edição, o maior evento internacional dedicado às artes performáticas e às espacialidades, visualidades e sonoridades da cena acontece de 8 a 18 de junho na capital da República Tcheca.

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